A mão que gira o vinho

Quando começou a moda do vinho, ninguém devolvia uma garrafa, mesmo estragada, por dúvida ou timidez.

Eu mesmo passei por uma experiência horrível em um jantar de aniversário com alguns amigos. Quando o vinho foi aberto estava mortinho da silva, cor de telha, e o aroma saltaram pelo gargalo e esmurrou meu nariz do outro lado da mesa. Para minha surpresa meu amigo aniversariante elogiou o vinho e complementou: - Pena que eu não gosto de vinho. Incapaz de responder à gentileza com a deselegância, acabei tomando a garrafa inteirinha sozinho. Confesso que pensei em simular um acidente e derrubá-la no chão, mas faltou-me ego.

Agora a tendência inverteu-se. Devolver o vinho em restaurantes virou sintoma de conhecimento, os restaurantes por mera política de bom relacionamento com o cliente aceitam sem discutir, mas no fundo se divertem com a puerilidade de quem o faz.

Uma garrafa devolvida por um cliente foi servida, três dias depois, numa degustação da nossa confraria Vinho e Bom Senso, não só ninguém reclamou como foi escolhido o melhor vinho da noite.

Um "maitre" muito rodado que trabalha num dos melhores restaurantes franceses de São Paulo, levava para casa e bebia feliz da vida, os vinhos que um determinado cliente frequentemente devolvia. Um dia percebemos que este cliente só devolvia vinhos quando estava acompanhado de amigos europeus, bastou um ligeiro comentário sobre a coincidência e nunca mais houve devoluções.

O vinho que parece estragado pode ser uma ilusão, o chamado efeito manada, isto é quando alguém afirma que tem um defeito, também funciona nas qualidades e nos aromas, todo mundo acha o mesmo. Numa degustação uma pessoa achou que um vinho estava "bouchoné". Duas pessoas a seu lado, confirmaram. Sai do meu lugar, provei o vinho e achei a queixa procedente. Novas taças foram servidas e aprovadas, embora saíssem da mesma garrafa. O interessante é que entre vinte pessoas as três que sentiram o defeito estavam sentadas lado a lado, e eu, que me aproximei, confirmei. Todos nós, honestamente, acusamos o defeito, mas ele não existia.

Como disse Augusto dos Anjos naqueles tuberculosos Versos Íntimos, "A mão que afaga é mesma que apedreja."

Pra quem esta acompanhando o curso online de vinhos, esta semana falamos sobre aromas. Segue um comentário que achei pertinente fazer sobre esse assunto que sempre gera tantos debates.

Um abraço e boa semana !

Al cine: Romance, a la vita: Comedia


Um dos leitores do blog viu em “ Um bom Ano” de Ridley Scott, o gladiador Russell Crowe sentar-se pra almoçar com uma garrafa de “ Lacryma Christi” e me mandou um e-mail pedindo mais informações sobre esse vinho que também apareceu em um dos meus textos.

Respondi que é um vinho típico das encostas do Vesúvio e bastante comum, nada excepcional que mereça o destaque em um filme.

A leitora me acusou de destruir sua fantasia em sentar-se num restaurante na região da Provence e pedir um “ Lacryma Christi”.

Propus-me então a encontrar um substituto que cumprisse a dupla finalidade de encher a boca, tanto pelo nome quanto pelo vinho mas mantendo a nacionalidade italiana do vinho em questão.

Para isto, vamos entrar no cenário do filme. Russel Crowe com seu cabelinho cortado em formato de tigela, a moça – que não me lembro agora quem era- mas vamos colocar em cena a Scarlet Johansson usando um dos figurinos do filme watchman, porque se a leitora pode sonhar, eu também posso. O restaurante está inundado pela magia esverdeada que emana da praça, um acordeão chora longínquo. Vamos esvaiar a charmosa Praça de Provence daquela massa ignara de turistas suarentos vestindo bermudas e tênis e também vamos tirar os camelôs e suas bugigangas.

Pintou o clima, Russel Crowe olha nos olhos de sua dama e pede: Corvo Duca di Salaparuta!

Gritam no fundo do estúdio: Não vale por a mãe no meio !

Corta ! Sai o Russel Crowe e vamos colocar o Jeff Goldblum com aqueles olhos esbugalhados de homem-mosca saboreando de antemão o corpo de Scarlet Johansson.

Vamos tentar outro: Passito di Panteleria !

Tira o Homem-Mosca e o cenário da Provence, entra um vale arenoso, os Canyons do Colorado, Harrison Ford com chapéu de Indiana Jones fala pra Sean Connery: A relíquia sagrada esta enterrada em algum lugar daquele vale, vamos pelo Passito di Panteleria.

Deixa pra lá, melhor usar o Chianti como em “Sob o Sol da Toscana” onde Diane Lane e o vinho se encaixam perfeitamente na poesia visual.

Vamos para o Vêneto, de novo Russell Crowe contempla o garçom e diz: - Um Valpolicella!

Scarlet cai em prantos: Você não me ama mais ?

Corta! Vamos de novo!

- Lambrusco di Modena!

- E pra mim uma Coca Diet, pede Scarlet

- Que tal: Est! Est! Est!

Que lástima, pensa Scarlet Johansson, um homem tão bonito, mas é gago.

- Uno Mastro Rosso, pede Crowe

Gago e gay, emenda Scarlet.

De repente, uma idéia. A solução! Eu tenho o vinho com nome e corpo: Brunello di Montalcino, um vinho fantástico, com nome forte. Pode chamar o Russell Crowe de volta!

- Crowe já era, retruca cansado o assistente de produção, mas aquele ali também é ator famoso.

Olho para o sujeito com cara engraçada, mas só reconheço quando ele trepa na cadeira e com os braços abertos sobre a cabeça grita:

- Brunello di Montalcino!!!!

É o Roberto Begnini.

A vida é dura minha cara leitora, nas telas: Romance, na vida: Comedia.

Uma pausa para o café


Já são quase 20 horas de uma noite chuvosa em São Paulo, acabei sair de uma entrevista de trabalho e resolvi me dar um presente: Além de vinho adoro café e fui tomar um onde o expresso simples custa cerca de US$4,00, enquanto em qualquer cafeteria você consegue um expresso decente por menos da metade disso.. Mas de tempos em tempos acho que faz bem se entregar a alguns prazeres desse tipo.

Estressado e com sono, encostei-me numa das mesinhas do charmoso café em uma elegante rua dos Jardins e pedi um expresso bem tirado e enquanto eu apreciava os aromas desse expresso perfeito, olhei para o outro lado da rua. Foi aí que vi o Kiefer Sutherland , o Jack Bauer da série 24 horas.

Atravessando a rua, de jaqueta jeans preta, sem os óculos escuro e aparentemente desarmado, Jack Bauer andava tranquilamente fumando um cigarro e conversando com algumas pessoas. Olhei em volta, procurando os terroristas ou o pessoal da CTU ou do FBI. Não estavam à vista. Provavelmente porque o perímetro deveria estar cercado.

Ele entrou na cafeteria, fugindo da chuva e de alguns jornalistas. Sentou-se em uma mesa próxima à minha e eu estiquei os ouvidos pra acompanhar a conversa. Claro, ali poderia ser decidido o futuro dos Estados Unidos, o fim dessa crise maluca, ou talvez estivessem combinando uma execução sumária, sei lá. No entanto, eles só pediram café. O de Jack Bauer era um Kopi Luwak ou Café Civet.

Stop the press !!! O Kopi Luwak é feito de maneira muito inusitada. Em algum país asiático, como a Indonésia ou a Malásia, certo animal silvestre faz dos melhores grãos de café sua dieta especial. O tal bicho cata os melhores grãos e os come com a finalidade de fazer seu sistema digestivo funcionar. Aí, com os movimentos peristálticos em dia, essa figura defeca os grãos inteirinhos. A população local cata os tais grãos, separa, lava, esteriliza. Estes grãos são então torrados e vendidos como um dos melhores cafés do mundo. Uma xícara do tal café custa mais de US$10,00. O quilo fica na casa dos US$500,00.

Enfim, Jack Bauer pediu o tal café. Demorou um pouco, mas ele nem apontou a arma pro garçom nem nada. Tem gente que em situações de pressão come mais. Outros tendem a beber ou ainda ter tiques nervosos. Jack Bauer, por exemplo, tem um tique: em caso de nervoso, ele aponta a arma e grita: DAMMIT ! E aí coisas acontecem. Mas acho que ele está fazendo terapia e talvez tenha trocado o uísque pelo vinho porque mesmo demorando um pouquinho, ele nem gritou. O café chegou depois de um tempinho e ele tomou com cara de feliz. E ainda comeu uma torta toda enfeitada. Meio gay eu diria... mas era o Jack!

Enquanto isso, eu tomava meu café, demorando horas. O café no fim e eu fascinado com o café de cocô do Jack Bauer. Eu olhava fixamente e morria de rir por dentro, imaginando se ele sabia o que estava bebendo. Minha vontade era dizer:

- Jack, you´re drinking coffee made out of shit, do you know that?

- What??? DAMMIT! Everybody down, now! Now! NOW!!!!!

Aí ele sai atirando e tal.

Depois de algum tempo, os garçons arrancaram a xícara vazia de meus dedos já dormentes e tentaram me oferecer mais café, mas eu não tinha dinheiro pra pagar outro daqueles e então achei melhor voltar pra casa sem mencionar a origem do café pro Jack Bauer e nem me arriscar a pedir uma foto ao lado dele..

Carne refogada

Preparando um chocolate quente pra tomar com meu filhote em frente a TV e assisitr pela centésima vez o inédito “Era do Gelo 1” comecei a olhar para ele e lembrar de um dia quando cheguei da faculdade.

Nesse dia cheguei em casa por volta da meia-noite como era de costume pois morava na periféria, e encontrei um bilhetinho amarrado numa panelinha que me esperava em cima do fogão. Dizia assim: coloque na geladeira caso não comer. A letra desenhada, daquelas à moda antiga, não deixava dúvidas: bilhetinho de mãe!

Abri a panelinha, e mais uma vez não tive dúvidas: comidinha de mãe! Carne batitinha na ponta da faca, mas não com duas facas, como os cozinheiros metidos de hoje em dia fazem! Com uma mesmo, pequenina, pouco afiada, meio torta, mas extremamente amorosa e talentosa. Carne refogadinha com cenoura, inundada num molho cremoso e gelatinoso, fruto da paciência que só as mães, ainda mais a minha, tinha. Na outra boca do fogão um arroz branquinho aguardava ansioso pelo momento de fumegar.

Sorri, um sorriso feliz apesar de exausto. Guardei o bilhetinho, tomei meu banho e voltei para a cozinha. Aqueci esse banquete e tomei uma taça de vinho. Um vinho brasileiro que nem lembro qual era mas com certeza não era caro e nem famoso. O vinho estava puro, vivo! Evoluindo como só os seres vivos podem, crescendo, interagindo com o oxigênio, enfim, vivendo. Mas viver não é tarefa para qualquer um. Evoluir também não!

Tomei minha taça de vinho vivo, com meu picadinho de mãe, meu arroz fumegante.
Nesse momento, acordei das lembranças e subitamente compreendi a necessidade que algumas pessoas têm de alguma forma estragar o dia de outras… Nem todo mundo tem a graça de chegar em casa e encontrar um bilhetinho de mãe na panela!

É isso ai !Curta as cronicas do blog cada dia mais curta.(Vírgulas a vontade)

Eno o que ? Somme onde ?

Obrigado a todos vocês que acompanham o blog e o podcast e enviado suas dúvidas por e-mail.Nesta semana recebi algumas perguntas sobre o mesmo assunto e resolvi escrever sobre isso. Afinal de contas o que é um Sommelier, um Enólogo e um Enófilo?.

Enólogo faz o vinho, freqüentou anos de faculdade para estudar como fazer vinho, estuda solo, agronomia, ampelografia, processos de vinificação e muitas outras coisas relacionadas ao plantio e produção do produto vinho.

O sommelier estuda os tipos e estilos de vinho, regiões produtoras, serviço do vinho, definição da carta de vinhos, administração da adega e principalmente harmonização dos vinhos com pratos mas não é só vinho que ele estuda. Estuda charutos, bebidas destiladas, etc.

Já enófilos somos nós que apaixonados pelo vinho saímos por aí provando-os e lendo tudo a respeito.

Ah! Não posso me esquecer dos enochatos: O enochato chega nas festas ou no restaurante, pega uma taça, certifica-se de que tem bastante gente olhando, faz cara de entendido, gira o copo no sentido horário e com inclinação de 26,487º em relação a Greenwich, funga dentro da taça, revira os olhos, fala um monte de coisas complicadas e depois olha para as outras pessoas presentes com ar superior, como se elas fossem a ralé da humanidade por não entender de vinhos tanto quanto ele.

Hummm...cronica pintando na cabeça...

Espero que não tenha ficado enuviado.

Um abraço, saúde e obrigado a todos pelas ideias, criticas e sugestões.

Curso online gratuito de vinho: Aula 2 - Pigmentos


A cor do vinho nos dá muitas informações. Por exemplo, cores mais profundas costumam mostrar vinhos mais saborosos enquanto um vinho tinto muito transparente é provável que tenha um sabor não muito consistente. À medida que o tempo passa e os pigmentos mudam as cores, a cor do vinho tambem vai mudar. Veja a foto do vinho de 118 anos. Ele quando novo era certamente de um vermelho mais profundo, agora está quase um âmbar.



Veja aqui as colorações mais comuns em brancos e tintos enquanto escuta o podcast:

Nos brancos podemos ter entre outras cores:

Amarelo com Reflexos Verdes
Tonalidade geralmente encontrada nos vinhos brancos muito jovens, leves e frescos. São obtidos de uma rigorosa vinificação de uvas que geralmente foram colhidas antecipadamente e que podem ter práticas de cantina ou enológicas bastante enérgicas. Ex: Clarificação e Filtragem. Esta tonalidade pode ser descrita como um "Amarelo Suave" onde prevalecem fortes reflexos verdes". Estes reflexos tendem a diminuir depois do primeiro ano de vida.

Amarelo Palha
Tonalidade que se encontra nos vinhos jovens que possuem um bom equilíbrio entre acidez e suavidade. São características encontradas em vinhos obtidos de uma vinificação de uvas colhidas em plena maturação fisiológica (harmonia entre açucares e ácidos). A intensidade do amarelo e dos relativos reflexos verdes dependem do meio-ambiente, do tipo de uva, das técnicas enológicas e da idade do vinho.

Amarelo Dourado
Tonalidade encontrada nos vinhos brancos que apresentam uma maior quantidade de açúcar, obtido de uvas que atingiram um estágio avançado de maturação ( passas ) ou que tenham sido envelhecidas em tonéis de carvalho ( ex: Cova da Ursa ). Os Amarelos Dourados que não apresentam um certo brilho ou vivacidade podem indicar uma evolução negativa do vinho, conseqüência de uma oxidação já em estado avançado.

Amarelo Âmbar
Tonalidade encontrada em vinhos brancos obtidos através de técnicas enológicas onde a uva é deixada ao sol para secar, concentrando assim maior teor de açúcar e também quando o vinho é envelhecido por um longo período. (ex: Muffatos, Vinho do Porto).

Já em tintos as cores mais comum mostram-se como:

Vermelho Púrpura
Tonalidade Violáceo para definir um vinho tinto muito jovem, onde seguramente existe desarmonia entre a acidez e adstringência. Costuma-se classificá-lo também como vermelho com reflexos violetas. O vermelho púrpura é sinônimo de vinho muito jovem.

Vermelho Rubi
Tonalidade que indica um tinto jovem, mas que já possui um certo equilíbrio ácido-tânico. Normalmente indica um vinho em bom estado de saúde e conservação, pronto para ser consumido.

Vermelho Laranja

Tonalidade encontrada em grandes vinhos de longo envelhecimento. É um vinho harmônico. Possui reflexos que vão do marrom ao alaranjado. Quando encontrada, porém em vinhos jovens, esta tonalidade passa a ser um defeito que indica um estado de maturação precoce e degradação avançada do produto.

Goldfinger

Meu dentista gosta de falar de vinho. Isto não me preocuparia tanto pois tem tanta gente, incluisive eu, metida a falar de vinho, o problema é que meu dentista quer discutir vinho enquanto trata dos dentes. Meus dentes !!!

Com a boca aberta, estando nela metidos o espelho de baixar língua, a broca e o dedo do dentista, ele me disse que havia tomado um Chadonnay branco. Resmungo " ...odos os ardonnay ão ranco", mas ele diz que uma vez falei que havia tomado um Chardonnay tinto e para enfatizar a resposta zuniu a broca.

Uma pequena explicação sobre o dedo do meu dentista para que você possa entender toda a extensão da tragédia. Quando estudava no colégio de padres ele fez um teste vocacional e deu medicina. Mas quando na entrevista pessoal ele escolheu como especialidade ginecologia ou proctologia, a banca tendo constatado o tamanho de seu dedo, vetou: " Se insistir em enfiar este dedo nos outros, é melhor ir para odontologia, porque a boca é o único buraco em que talvez ele caiba". Por isto foi ser dentista, com o significativo apelido de Goldfinger.

Nossas discussões sobre vinhos são psicodélicas, porque ele entende menos que eu, teima sempre e eu tenho que argumentar balbuciando com toda aquela tralha na boca e, como se não bastasse, ele costuma reforçar o argumento enfiando a broca no meu dente.

Apesar disto mantenho firme meu juramento a Baco e corajosamente insisto que Chardonnay não pode ser tinto porque a uva é branca. Entaõ, argumentou, como é que tem Pinot Noir e Pinot Blanc. Porque são duas uvas diferentes, respondo, e tem mais ainda a Pinot Gris. A Tecate ? Pergunta o Goldfinger.

Levanto na cadeira : Olha aqui meu amigo, para começo de conversa Tecate é cerveja mexicana você quer dizer Tokaji e ainda por cima esta denominação esta equivocada e não é mais permitida. Havia uma história de que o capitão alsaciano que derrotou os turcos na Hungria trouxe com ele mudas da uva Tokaj e plantou na Alsácia. Mas é lenda. Tokaj é uma cidade, Tokaji é o gentílico, o nome do vinho, mas as uvas são Furmint, Harsvelu e Muscat. Abro os olhos e vejo o dentista me olhando espantado. Algum problema, pergunto ? Não, eu só perguntei se doi quando toco aqui.

Doía e muito, mas, satisfeita a curiosidade, ele continuou a enfiar a broca. E os de rosca, você acha que tampa de rosca é igual a rolha. Faço uma longa explanação dos riscos da rolha com os fungos desenvolvendo tricloroanisol (tente pronuniciar isso da proxima vez que for ao dentista), e que só a tradição matém o uso da rolha, mas isto é a mesma coisa de , por tradição, usar broca de pedal...Estou me lixando para a rolha, o que eu quero saber é se no vinho rosqueado o garçom também tem que dar a rosquinha para o cliente cheirar.

Por que você diz que um vinho argentino é melhor que chileno ? Eu nunca disse isso. O homem afunda o dedo até a garganta e taca a broca. Disse, você falou que o Catena é melhor que o Casillero. O zunido esta chegando no meu cérebro, mas não me rendo: Catena é melhor que Casillero, mas há outros vinhos argentinos melhores que chilenos...Tá vendo, falou de novo. Quis dizer chilenos melhores que argentinos, este troço esta me furando o miolo.

Este é bom mesmo, o melhor do Brasil.

Quem ?

Acabou de falar, o Miolo.

O Miolo é bom...interessante.

Isto eu já sei, mas é melhor que os argentinos ?

Goldfinger é mais nacionalista que o Aldo Rebello, tanto que prefere ser chamado de Dedão, e tem uma broca, de modo que acho melhor concordar, - hum, hum-, e ele não pára.

Agora estes gringos vão ver o que é bom, vão ter que engolir o nosso vinho também, como aquele balofo do Maradona, que só foi campeão do mundo porque o Galtieri comprou ou goleiro do Peru...teve que engolir o Pelé. E o Chardonnay, - a broca cantando no meu dente - tem tinto ou não tem ?

Tem, e é de São Roque aqui no interior de São Paulo, tinha me esquecido, em São Roque Chardonnay é tinto.

Ele sorri, tira o dedo, recolhe a broca:

Por hoje é só, vamos continuar na semana que vem, queria falar de Bourgogne. Mas vê se não teima tanto.

Curso online gratuito de vinho: Aula 1 - Sentidos


" Acreditem, será mais fácil para descrever vinhos se você estiver acostumado a descrever outras coisas... Você dará um novo e importante passo quando se trata de degustar, apreciar e descrever um vinho. "

Vale a pena experimentar