
Toda conversa sobre vinho é no mínimo uma afronta a teu bolso. Acabei de conversar com uma amiga minha sobre vinhos leves e frutados e ela instigou minha curiosidade mencionando vários rótulos que ela teve contato em uma de suas viagens pela Uruguai. Curiosidades a parte o que me fez sentar aqui pra escrever novamente sobre vinho foi o fato dos vinhos recentemente provados pro ela serem basicamente encorpados e esta em busca de vinhos tintos mais leves e frutados
Vamos
diretamente as dicas e sem complicar porque a ideia é beber vinhos que nos
agradam e não entender trigonometria para passar no vestibular. Um tinto para
ser leve, de corpo médio e frutado depende diretamente da uva que vai ser
utilizada, o ideal são uvas com bagos grandes e cascas finas que retêm pouco
tanino, como a Pinot Noir, a Gammay, a Spätburgunder e por aí vai.
Outra dica são os tintos
de regiões mais frias onde no final da maturação a uva não retem muito açúcar
mantendo aquela agradável acidez responsável pela sensação de frescor que temos
ao beber um vinho. Por fim o processo de vinificação, sem sangria, sem
“engrossar” o mosto, como a maceração carbônica, muito utilizada nos Beaujoais,
aquela em que o mosto inicial é originado não pela prensa nos bagos das uvas e
sim o próprio peso delas, umas em cima das outras. Mantendo o frescor e aromas
da uva.
Neste estilo o meu
preferido é o Beaujolais, de preferência os Crus feito com a uva Gammay da França,
na Borgonha sul, logo acima de Lyon.
Hoje a Gamay domina a
região sul da Borgonha, como toda a uva que produz muito e sendo mal conduzida
pode levar a vinhos bastante simples. Bem trabalhada produz vinhos com baixo
potencial de taninos, bastante frutada, aromática e com acidez marcante,
alguns produtores a vinificam para que possam ter mais tempo de garrafa. Para
mim não importa, gosto dos Beaujolais justamente por serem vinhos novos,
agradáveis e excelentes companheiros para longas conversas sem compromisso.
Nesta época então é a pedida pra um papo nas raras brisas de verão (ventilador
no meu caso)
Para os que ainda tem
algum preconceito e não gostam dos roses este é uma alternativa, tão leve
quanto e tão frutado quanto, apenas sem aquela cor e charme que só os roses
têm.
Já que estamos na Borgonha
por que não um Pinot Noir Village, muito agradável, leve e bastante companheiro
para pratos leves e uma boa conversa e a preços acessíveis.
Recentemente tive ma
experiência com o Chinon, uma joia feita na cidade de mesmo nome na França, no
coração do Loire. O que eu tomei era um assemblage com a nativa Cabernet Franc.
Um belíssimo vinho de cor vermelho escuro, aromas de morango e cereja, na boca
sedoso e delicado com bom final de boca.
A Alemanha entra com a sua
Spätburgunder (Não sei a tradução mas vamos dizer que é um Borgonha atrasado),
na verdade um clone da Pinot Noir, feito no sul do país em Baden (lembrou da
cerveja ?) , muito bom, alegre, frutado e macio.
A Itália tem os vinhos do
Piemonte, a Barbera, e o Dolcetto. O primeiro cor vermelho escuro, aromas que
puxam mais para o apimentado, na boca um pouco mais de força e acidez, mais
rústico, bem ao estilo italiano, mas imbatível com uma boa pizza. O segundo,
apesar do nome, docinho, nada tem de doce, muito pelo contrário, seus aromas de
frutos vermelhos e a acidez garantem um vinho bem refrescante e companheiro
para os pratos leves e carnes brancas.
Pra não dizer que deixei uma de minhas paixões de lado, Portugal tem uma região que produz, neste estilo, vinhos
de elite, o Dão. Região montanhosa entre o litoral, Bairrada e o interior o
Douro. Aproveita os ventos frios que vem do Atlântico para refrescar seus
vinhedos no verão o que garante vinhos com boa dose de acidez e fruta. Somam-se
as casta locais como a Alfrocheiro e a onipresente Touringa Nacional,
entre outras, garantindo todas as qualidades de um bom vinho tinto para a esta
época, principalmente no preço.
Já na África do Sul, que
ainda estou explorando, tem os Pinotage, cruza de Pinot Noir com a Hermitage
(Cinsault). São vinhos vinificados ao estilo europeu, madeira na medida
certa, o que garante a jovialidade e os aromas de frutas vermelhas que tanto
queremos.
Eu não vou estragar a
aventura de vocês escrevendo o nome dos vinhos. Anote essas uvas e combinações
e vão até sua adega mais próxima descobrir o que mais lhe agrada. Não esqueça
de compartilhar com a gente !!!