Falar sobre vinhos nunca foi e nunca será tarefa fácil, escrever então chega a ser mais assustador às vezes. Cada garrafa é uma história única, um mundo diferente; cada safra, universos totalmente diferentes. E a coisa não pára por aí: imagine, então, comparar uma vinícola a outra, uma variedade de uva a tantas outras, um varietal, um assemblage, um colheita tardia, um single vineyard, um grand reserve, um grand cru, um terroir específico… a uva que mais se identifica com aquele país e aquela cultura… a que… nos desperta sensações incríveis! São muitas informações e quase todas muito subjetivas.
Pois é pode até parecer variação sobre um mesmo tema, mas vinho é assim mesmo: as opções são as mais diversas para todo tipo de gosto, bolso, inclinação, cacoete ou necessidade: se por prazer, status ou como tática de sedução. Só que, na verdade, conhecer a literatura sobre vinhos ajuda claro, - mas nem de longe faz falta: o que é pecado mortal é termos preconceito com vinhos. Pensando nisso, considere: temos, sim, excelentes vinhos nacionais; hoje, sim, encontramos ótimos vinhos importados numa faixa de preços muito em conta: de R$20 a R$30 a garrafa e não, nem todo vinho francês é bom; repito, nem todo vinho de Bordeaux ou do Languedoc impressiona e já vi alguns perderem feio para os nossos lá do Vale dos Vinhedos.
Em outras palavras, se você quer aprender sobre vinhos, comece com aquele que não te aperte o bolso e que seja fácil de encontrar caso queira repetir a dose. Não julgue uma garrafa por seu rótulo e muito menos por sua origem. Mas se ela estiver muito velhinha, não toque, deixe-a como está – na maior parte dos casos, você não vai se arrepender.
Note que o acesso, a circulação e o consumo de vinhos hoje é outro: bem diferente daquele que existia há menos de dez anos. Esses novos tempos de novas tecnologias também verteram seus louros sobre a multibilionária indústria vinícola. Logo, é tempo de se descobrir esse admirável mundo novo do jeito e no ritmo que você quiser. Sinta-se livre porque não há mais regras: o importante agora é degustar o vinho entre amigos e amores apaixonados. E repetir a experiência e repetir e repetir, sempre descobrindo novos favoritos, novas uvas, novos assemblages, terroirs, vinícolas, enfim… uma festa dos sentidos.
Ah, e não se esqueça da água, se com ou sem gás é coisa que varia com o gosto. Beba intercalando a água em meio ao vinho: é o segredo de quem sabe beber bem, evitando qualquer traço de ressaca. E escolha uma companhia agradável, pois como dizem os espanhóis: “pra vinho ter gosto de vinho, deve ser tomado com um amigo.”- provérbio espanhol
Bons Vinhos, saúde e até a próxima!
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