Evoluir

O vinho transformou-se nos últimos anos, na bebida da moda. Não é difícil encontrar nos restaurantes a figura do sommelier que sugere, abre a garrafa , oferece a rolha ao cliente e enfim serve o vinho.

Menos difícil ainda é ver os rituais de degustação e cursos de vinhos que se iniciam com um pessoa movimentando a taça em círculos, levantando-a contra a luz, para verificar a cor e enfim, momento de suspense para todos à mesa, sommeliers inclusive, leva-lá ao nariz para, alguns segundos depois com voz grave e cerimoniosa ,declarar em 99,9% das vezes – É...Ta bom!

O sorriso e o brinde eternizam na maioria das vezes esse cerimonial. Isso é bom, acho muito bom mesmo, ainda que poucas pessoas, saibam realmente distinguir se o vinho está “bouchoneé", ou não ou se o vinho simplesmente envelheceu demasiadamente. O que importa, é que o Brasil está evoluindo rapidamente no consumo e na cultura do vinho.

As vinícolas nacionais, apesar de inundarem o mercado com produtos que de vinho só tem o nome declarado na etiqueta, que abusam na adição de açúcar, que usam descaradamente denominações de outros países, estão aprendendo a fazer vinhos que podem ser bebidos.

O Plano Real pode ter tido mil defeitos, não posso julgar, não sou economista, mas teve um mérito: Conseguiu, durante alguns anos, fazer chegar às nossas adegas vinhos importados ótimos e com preços convidativos.

Nós que vinhamos bebendo mal, começamos a descobrir, comparando como eram bons os vinhos franceses, italianos, espanhóis, portugueses, australianos e outros de regiões até então nem sabíamos que produzia vinhos. E obrigou os viticultores nacionais a abandonarem velhos conceitos, originários de um mercado cativo e sem concorrência a se modernizarem.

Hoje, há empresas que faturam alto, produzem muito e lucram bem com vinhos, que se comparados aos do início da década de 90 ,parecem Petrus. Mas estes vinhos, se comparados aos importados, apesar de toda propaganda dos quase “Intocáveis” produtores nacionais, estão em uma médiainferior.

Tenho a impressão que o Rio Grande do Sul não seja exatamente o paraíso das vinhas e novas fronteiras deverão ser encontradas como o Vale do Sao Francisco por exemplo que já está sendo explorado. Mas o conhecimento é sempre relativo ao repertório de cada um :É difícil gostar de Vivaldi de cara, inicia-se com Zezé de Camargo, Tom Jobim, Sinatra, aí começamos a apreciar Vivaldi.

Com o vinho é a mesma coisa, iniciam-se com um líquido, com nome de vinho, tipo Chalise, Piagentini Branco Suave, Canção, Mioranza etc. (como no caso da música, esta iniciação deverá ser breve ou pode se perder definitivamente o paladar e o olfato) passa-se para algum vinho da Miolo, passeia-se pelos vizinhos Argentinos e Chilenos e chega-se ao Chablis, Nuit Saint George, Brunello, Amarone, Tokay, Eric Clapton, Vivaldi, enfim.

Para se conhecer o belo, e preciso conhecer o feio. Para se apreciar um bom vinho, é necessário ter bebido os maus e esses, a gente ainda tem de montão nas prateleiras.

2 comentários:

Anônimo disse...

Zezé de Camargo?! Tenha dó... :)))

Andre Martin disse...

FELIZ DIA DOS PAIS!!!!!

Vale a pena experimentar