Cheirinho “di” que mesmo?

Uma idéia para ajudar a nós brasileiros que nem sempre temos oportunidade de cheirar blueberries e tantas outras coisas que lemos em rótulos de vinho, revistas e livros por ai.

Menta: Difícil de achar menta por aqui, poucos de nós já sentiram o cheiro de menta “ in natura” . Já pastilhas Valda todo mundo conhece.

Cherry: Cereja todo mundo sabe só que a nossa cereja tem toques mais herbáceos. Cereja americana tem cheiro de tinta de sapato então esquece o Cherry porque não vai ser legal sairmos por ai espalhando que vinho tem cheiro de tinta Nuget de sapato.

Berries: Impossível deixa-las de fora. Blackberries são amoras pretas, Raspberrie é framboesa, BlueBerrie é amora azul ou triste, depende com vai seu humor e Wallaceberry é um artista de cinema mudo que não cheirava e nem sequer falava.

Currant: Groselha, muito difícil de ser encontrada como fruta e nem de longe lembra Groselha Milani, logo, descartamos.

Vanilla é baunilha que é feita da baga de uma orquídea, melhor procurar por ela em saquinho do que correr Mata-Atlantica adentro caçando baga de orquídea.
Plum: Ao contrario do que você pode pensar isso é ameixa. Preta, amarela, vermelha? Não faço idéia.

Musc é a secreção salivar do almiscareiro, um cervo asiático, muito utilizado em perfumaria. Temos aqui a alternativa de sugerir cheirar um vidrinho de almíscar, já que cá esse veado asiático não dá, ou baba de veado brasileiro, que cá como lá, sempre dá.

Toasted Oak: Nada a ver com o carvalho brasileiro. Queimar então...nem pensar porque o Ibama coloca em cãna. Toated Oak é mais parecido com torrada de pão com manteiga. Se sua esposa é igual a minha se prepare para briga, pois a minha não permite passar manteiga no pão antes de levá-lo a torradeira, já que pega fogo e faz uma sujeira desgraçada.

O aroma de fundo de copo seco de vinhos com carvalho é marmelada cascão, embrulhada em papel celofane. E o celofane não é marmelada!

Sauternes é pura fruta-do-conde, que por ser muito perecível é encontrada apenas nas palavras-cruzadas, mesmo assim sob o pseudônimo de um monossílabo muito oportuno, ata, que terá que ser substituída por jaca. Jaca dura para Sauternes, Jaca mole para Grands Crus.

Gewurztraminer, como sabemos, é puro cupuaçu, fruta que temos que evitar porque só pode ser encontrada em sorveterias do Sarney lá no Maranhão, que tirando Brasília, é como se fosse outro pais, ou na Praça da Sé que é território conflagrado. Mamão que a gente encontra mais fácil até serviria, mas tem que estar passada, quase podre pra ficar enjoadinho como o cupuaçu e a Vigilância Sanitária não vai deixar. Assim, melhor mesmo é associar o aroma lacteo do Gewurztraminer alsaciano com o sovaco de porta-bandeira de escola de samba no final do desfile. E este suvaco é uma mera sutileza minha porque sendo este blog familiar, não me é permitido procurá-lo em outras latitudes da sambista.

O Brasil está começando a fazer uma presença constante no cenário internacional de vinho e seria interessante para nossos produtores possuir uma escala tropical de aromas, uma imagem tipicamente brasileira que, igual ao Zé Carioca, abriria um nicho de mercado para nossos vinhos.

Já imagino os americanos loucos pra tomar vinho brasileiro com toques de araçá, enlaces de pitanga, retro-gosto de jabuticaba. E o nosso Chardonnay? Seria praticamente um turbante da Carmem Miranda.

2 comentários:

PreDatado disse...

E no final da degustação ainda ficariam aromas de lima?

Zainer Araujo disse...

Sem dúvida, e até algumas notas de mel e quem sabe maracujá - Desde que não decante por muito tempo.

Vale a pena experimentar