Serie Encontros Inusitados: Dracula (Final)

Três casas a direita do Bar Du Vin encontro Dracula de costas para a rua e com seu rosto virado contra a parede de uma garagem. Ele aparentava estar liberando o excesso de vinho que tinha consumido nas últimas horas, porém havia algo peculiar no tom roxo da sua urina...

- Syrah?! Você está urinando puro syrah?

- Tudo menos o álcool, o resto não é absorvido pelo nosso corpo. O sabor deve ser algo equivalente a um suco de uva, apesar de eu não me interessar em provar.

Ele fecha o zíper e esboça uma fisionomia de alívio.

- Me sinto nove garrafas de vinho mais leve.

- Vou te fazer uma pergunta. Porque você não pagou a sua conta no bar?

- Não se preocupe com o bar amigo. O Argentino vai receber o pagamento dele.

- Pipa me contou que você costuma pagar dias mais tarde.

Dracula lança uma leve risada.

- Logo você irá entender.

Caminhamos por umas cinco quadras até uma das ruas próximas ao cemitério do Araça. Nesse meio tempo Dracula, ou Miguel Ark Angelo seu pseudônimo atual, me contou histórias do tempo do Brasil imperial, celebridades que seriam parte da Família e assaltos a bancos de sangue. Enfim paramos em frente a um mausoléu gigante.

- É aqui que eu moro, criança.

O vampiro morava em uma casa antiga de estilo gótico enfeitada por uma complexa rede de alegorias estatuárias na fachada; ela provavelmente ocupava uns três terrenos e era cercada por uma alta grade com pontas adornadas como lanças. O quintal enorme era repleto de arvores que garantiam a privacidade do meu anfitrião com seus hábitos estranhos.

Abrindo a pesada porta de madeira, o interior se revela completamente escuro. Dracula ascende um fósforo e começa a distribuir a chama em diversas velas que parecem indicar o caminho do nosso destino final.

- Me acompanhe, por favor...

No escuro, seus olhos tornaram-se completamente vermelhos cor de sangue. A penumbra parecia torná-lo cada vez menos humano. As paredes eram repletas de quadros de imagens de mulheres nuas, o tema principal parecia ser “bundas”... bundas de todas as formas e tipos.

Subimos um lance de escadas de madeira até chegar a uma sala que terminava em uma espécie de altar.

- Chegamos ao seu destino, criança. – ele sussurra com um sorriso maroto no rosto. – Tem algo que eu preciso de você.

Apesar do frio na minha espinha, eu fiquei completamente imóvel. Ele se dirige até uma urna dourada e agarra um objeto pontiagudo. Apos soltar uma risada, que não deveria significar outra coisa alem de satisfação, ele caminha de volta em minha direção. Eu fecho os olhos em completo desespero e sentia que ele tinha parado metros de mim. Posso ouvir ruídos de algo sendo riscado junto mim. Finalmente escutei sua voz.

- Aqui está amigo...

Eu abro os olhos e agarro o objeto que ele entrega em minhas mãos.

- Um cheque?!

- Sim. Eu preciso que você retire dinheiro e pague a conta de energia aqui de casa, não agüento mais essa escuridão... e como você sabe: não posso sair por ai em horário bancário.

3 comentários:

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkkkkkk
Você não queria que ele pedisse a sua bunda, né não?

Andre Sanches disse...

Office-boy de vampiro - rs. Final inusitado.Muito legal

Anônimo disse...

rsrsrsr!Muito bom!!! - Cachoeirinha- RS

Vale a pena experimentar